Milagre no mar da Galileia

14 de agosto de 2011

Cristo Se retirara com os discípulos para um lugar isolado, mas breve foi interrompido esse período de tranquilo sossego. Os discípulos julgavam haver-se afastado para um lugar onde não seriam perturbados; mas assim que a multidão sentiu falta do divino Mestre, indagaram: "Onde está Ele?" Alguns dentre eles notaram a direção tomada por Cristo e Seus discípulos. Muitos foram por terra encontrá-los, enquanto outros os seguiram de barco através do lago. Estava próxima a Páscoa e de perto e de longe grupos de peregrinos, de viagem para Jerusalém, juntavam-se para ver Jesus. Outros se lhes reuniram, até que se achavam congregadas umas cinco mil pessoas, além de mulheres e crianças. Antes de Cristo chegar à praia, já uma multidão O estava aguardando. Mas Ele desembarcou sem ser por ela notado, passando algum tempo à parte com os discípulos.

Da encosta, contemplou Ele a ondulante multidão, e o Seu coração moveu de simpatia. Embora interrompido, prejudicado em Seu repouso, não ficou impaciente. Ao observar o povo que vinha, vinha sempre, viu uma necessidade ainda maior a lhe demandar a atenção. Teve compaixão deles, "porque eram como ovelhas que não têm pastor". Deixando Seu retiro, encontrou um lugar apropriado, onde os podia atender. Não recebiam nenhum auxílio dos sacerdotes e principais; mas as vivificantes águas da vida brotavam de Cristo, ao ensinar às turbas o caminho da salvação.

O povo escutava as palavras da vida, tão abundantemente brotadas dos lábios do Filho de Deus. Ouvia as graciosas palavras, tão simples e claras, que eram como o bálsamo de Gileade para sua alma. A cura de Sua mão divina trazia alegria e vida aos doentes, e conforto e saúde aos que padeciam de moléstias. O dia afigurava-se-lhes o Céu na Terra, e ficaram inteiramente inconscientes do tempo que fazia desde que tinham comido qualquer coisa [...].

Os discípulos, por fim, foram ter com Ele dizendo que, por amor do próprio povo, devia ele ser despedido. Muitos tinham vindo de longe, e nada haviam comido desde a manhã. Nas cidades e aldeias vizinhas poderiam comprar alimento. Mas Jesus disse: "Dai-lhes vós de comer"; e depois, voltando-Se para Filipe, perguntou: "Onde compraremos pão para estes comerem?". Disse para provar a fé do discípulo. Filipe olhou para o oceano de cabeças, e concluiu que seria impossível prover alimento para satisfazer a necessidade de tão numeroso povo. Respondeu que duzentos dinheiros de pão não seriam suficientes para se dividirem entre eles, de modo que cada um recebesse um pouco. Jesus indagou quanto alimento se encontraria entre a multidão. "Está aqui um rapaz", disse André, "que tem cinco pães de cevada e dois peixinhos; mas que é isto para tantos?" Jesus ordenou que os mesmos Lhe fossem trazidos. Pediu então aos discípulos que fizessem o povo assentar-se na relva, em grupos de cinquenta ou de cem, para manter a ordem, e todos poderem ver o que Ele estava para realizar. Feito isso, Jesus tomou os alimentos, "e olhando para o céu, abençoou-os, e partiu-os, e deu-os aos Seus discípulos para os porem diante da multidão". "E comeram todos, e ficaram fartos, e levantaram doze cestos de pedaços de pão e de peixe."

Aquele que ensinou ao povo o meio de conseguir a paz e a felicidade era tão solícito por suas necessidades temporais como pelas espirituais[...]. Cristo nunca operou um milagre, senão para satisfazer uma necessidade real, e todo milagre era de molde a dirigir o povo à árvore da vida, cujas folhas são para cura das nações. A simples refeição passada em torno, pela mão dos discípulos, encerra todo um tesouro e lições. Era um modesto artigo, o que se proporcionou; os peixes e os pães de cevada eram o alimento diário dos pescadores dos arredores do Mar da Galileia. Cristo poderia haver exibido diante do povo um rico banquete, mas a comida preparada para a mera satisfação do apetite não teria transmitido nenhuma lição para benefício deles. Jesus lhes ensinou nessa lição que as naturais provisões de Deus para o homem foram pervertidas. E nunca se deliciou alguém com os luxuosos banquetes preparados para satisfação do pervertido gosto, como esse povo fruiu o descanso e a simples refeição proporcionada por Cristo, tão longe de habitações humanas.

Ellen G. White. O Desejado de Todas as Nações. p. 365-368.

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