Paulo Setúbal preencheu a sua missão na terra; não a deixou sem legar-nos a mensagem essencial de sua vida... São, como nos diz ele, “notas íntimas, notas vividas, notas humanas”...
E o que traz esta mensagem comovente, escrita entre a vida e a morte, uma e outra sentidas em toda a agudeza pungente de sua realidade? Traz-nos o encontro de Paulo Setúbal com Cristo Jesus, do literato elegante com o Crucificado do Calvário, da inquietude contemporânea com a fonte eterna da paz, da criatura com o seu criador. “Faz um ano que me encontrei realmente com o Cristo... O Cristo apareceu de improviso no meu caminho... Perguntei-lhe ansioso: Quem sois vós? Ele me disse: Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”...
Pode imaginar-se encontro mais grave? Pode avaliar-se o que representa numa existência, instável e desorientada, a revelação inesperada do grande “Caminho” que a leva segura à paz dos seus destinos? Pode sondar-se a profundeza da revolução que provoca na inteligência e no coração de um homem o aparecimento da Verdade e da Vida?... A mudança é total; completa e definitiva a inversão de todos os valores. Do mundo das aparências e ilusões passa-se com surpresa para o da realidade...
Sobre a fugacidade do tempo e do que nele aparece e desaparece projeta a eternidade a sua luz serena e infalível. Há vinte séculos quando no caminho de Damasco outro Paulo se encontrou com Cristo, a vista, a princípio, se lhe ofuscou ante o esplendor da aparição. Mais tarde caíram-lhe dos olhos as escamas e o mundo reapareceu transfigurado. Impressão análoga experimentou também o nosso Paulo ante a visão do Senhor: “Depois que o conheci... tudo, absolutamente tudo mudou na minha existência como por encanto... Transformei-me. Transformação nas idéias, transformação nos gostos, transformação nas leituras, transformação no modo de encarar a vida”...
Assim é. O homem que, à claridade divina, encontra a solução do seu verdadeiro destino, purifica e aprofunda o seu olhar; julga à luz de novos critérios e descansa inegavelmente na posse de uma felicidade, antes debalde procurada. “Desde então a felicidade veio... Mas que felicidade diferente da felicidade que o mundo sonha!”
Não; Paulo Setúbal não passou pela existência em vão. Assinalado pela mão oculta e misericordiosa de Cristo, ele deixou-nos o seu testemunho que não perece... Ontem como hoje, e como sempre, Cristo é a solução do enigma humano. Os progressos da matéria e da velocidade ficam infinitamente abaixo das existências do espírito. Para a inquietude dos nossos corações só Ele tem paz. Para a profundeza dos grandes sofrimentos só Ele tem bálsamo de consolos eficazes. Para a aspiração irreprimível de destinos imortais só Ele tem promessas de vida eterna...
Eis o significado e o valor desta mensagem que nos chega selada com o dom da vida e a sinceridade da morte...
P. Leonel Franca S.J.
Trechos do Prefácio do livro Confíteor (Saraiva: São Paulo, 1968), do escritor Paulo Setúbal.
E o que traz esta mensagem comovente, escrita entre a vida e a morte, uma e outra sentidas em toda a agudeza pungente de sua realidade? Traz-nos o encontro de Paulo Setúbal com Cristo Jesus, do literato elegante com o Crucificado do Calvário, da inquietude contemporânea com a fonte eterna da paz, da criatura com o seu criador. “Faz um ano que me encontrei realmente com o Cristo... O Cristo apareceu de improviso no meu caminho... Perguntei-lhe ansioso: Quem sois vós? Ele me disse: Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”...
Pode imaginar-se encontro mais grave? Pode avaliar-se o que representa numa existência, instável e desorientada, a revelação inesperada do grande “Caminho” que a leva segura à paz dos seus destinos? Pode sondar-se a profundeza da revolução que provoca na inteligência e no coração de um homem o aparecimento da Verdade e da Vida?... A mudança é total; completa e definitiva a inversão de todos os valores. Do mundo das aparências e ilusões passa-se com surpresa para o da realidade...
Sobre a fugacidade do tempo e do que nele aparece e desaparece projeta a eternidade a sua luz serena e infalível. Há vinte séculos quando no caminho de Damasco outro Paulo se encontrou com Cristo, a vista, a princípio, se lhe ofuscou ante o esplendor da aparição. Mais tarde caíram-lhe dos olhos as escamas e o mundo reapareceu transfigurado. Impressão análoga experimentou também o nosso Paulo ante a visão do Senhor: “Depois que o conheci... tudo, absolutamente tudo mudou na minha existência como por encanto... Transformei-me. Transformação nas idéias, transformação nos gostos, transformação nas leituras, transformação no modo de encarar a vida”...
Assim é. O homem que, à claridade divina, encontra a solução do seu verdadeiro destino, purifica e aprofunda o seu olhar; julga à luz de novos critérios e descansa inegavelmente na posse de uma felicidade, antes debalde procurada. “Desde então a felicidade veio... Mas que felicidade diferente da felicidade que o mundo sonha!”
Não; Paulo Setúbal não passou pela existência em vão. Assinalado pela mão oculta e misericordiosa de Cristo, ele deixou-nos o seu testemunho que não perece... Ontem como hoje, e como sempre, Cristo é a solução do enigma humano. Os progressos da matéria e da velocidade ficam infinitamente abaixo das existências do espírito. Para a inquietude dos nossos corações só Ele tem paz. Para a profundeza dos grandes sofrimentos só Ele tem bálsamo de consolos eficazes. Para a aspiração irreprimível de destinos imortais só Ele tem promessas de vida eterna...
Eis o significado e o valor desta mensagem que nos chega selada com o dom da vida e a sinceridade da morte...
P. Leonel Franca S.J.
Trechos do Prefácio do livro Confíteor (Saraiva: São Paulo, 1968), do escritor Paulo Setúbal.

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